Vulnerabilidade: É Poderosa, mas tenha muito cuidado com o MODISMO!

O novo desafio surge na construção de uma marca: a vulnerabilidade. Essa ideia é considerada algo impensável para muitos, até pelo fato de o objetivo do Branding Pessoal mostrar o melhor do profissional, ressaltando habilidades, capacidades e todos os pontos fortes. Acontece que uma marca apenas vai existir se conseguir criar um vínculo com pessoas, ser considerada confiável e ser admirada. E para essa receita dar certo, é preciso ser vulnerável, mas CUIDADO! Mudei a minha opinião ultimamente sobre isso. Vamos lá, tenho muito a te falar por aqui.

É  preciso muito mais que coragem para ¨cultivar um defeito¨ termo usado pelo precursor do Personal Branding no Brasil, Arthur Bender. A pessoa vai precisar se expor, mostrar quem é, abrir o sentimento e crença para os outros,  ou seja, assumir que é diferente do padrão. A vulnerabilidade tem a ver com perceber que não se tem o controle de tudo e está tudo bem, caso aconteça algum erro. Trata-se de tirar a armadura que nos protege do imprevisto e do incontrolável. São poucos os profissionais que realmente conseguem fazer isso, pois, como explica a pesquisadora Brené Brown na palestra O poder da vulnerabilidade, “vivemos em um mundo vulnerável. E uma das formas com que lidamos com isso é anestesiando a vulnerabilidade”. 

Acontece que, ao se proteger disso, o indivíduo acaba se blindando de sentimentos muito importantes para as relações humanas, como o amor e o senso de pertencimento (considerados a base para a criação de uma comunidade). Como a própria Brown (2012) ressalta, “pertencimento, não exige que mudemos quem nós somos; ele exige que sejamos quem somos”. Dessa forma, é preciso perder o medo de mostrar nossas imperfeições. A cantora Anitta é um excelente exemplo de marca que se deixa ser vulnerável, mas infelizmente, não podemos aplicar o conceito de vulnerabilidade a tudo em nossas vidas.

A Anitta não tem medo de dizer que não sabe algo, de divulgar seu trabalho de forma diferente, de falar o que acredita, de assumir que errou ou de mostrar que foge do padrão considerado ideal. Essa vulnerabilidade ajuda a cantora a fortalecer sua marca diariamente, e os resultados são facilmente percebidos na carreira dela: Anitta tornou-se uma das poucas cantoras brasileiras com espaço no mercado internacional e ainda foi incluída no ranking TIME 100 NEXT 2021, da Revista Forbes, além de Top 1 no Spotify.

Acontece que a vida é um jogo, aprendi isso muito forte ao longo dos enfrentamentos que tive na vida. Como vou estar abrindo minha alma para o mundo se em algum momento isso pode virar uma arma contra mim?

A vulnerabilidade deve ser utilizada de forma estratégica, para que traga verdade, mostre a essência do profissional e construa conexões com as pessoas, visando os objetivos definidos. Não é para ser um confessionário para que abra todas as suas dores e deficiências. A ideia é humanizar a marca e usar a personalidade da pessoa a favor dela, não contra, entende? A vulnerabilidade é o que vai garantir que o indivíduo seja original e, consequentemente, autêntico, porém, nada de ficar falando tudo sobre você, fale o que for intencional.

Já no mundo corporativo, você pode estar mais aberto. Com tantos profissionais excelentes buscando uma colocação, mostrar nossas fraquezas pode ser considerado um fator classificatório. Assumir que não sabe algo abre a possibilidade de aprendizado, aceitar os erros é o primeiro passo para descobrir novas soluções e se arriscar permite o desenvolvimento de inovações. Todos esses resultados são importantes para o desenvolvimento de qualquer profissional ou empresa. 

O que quero alertar é: VULNERABILIDADE é uma expressão da moda muito legal e escrita por uma grande especialista, o problema é que algumas pessoas, ainda não tem noção e fazem deste conceito a sua agenda pessoal. E acabam saindo para contar tudo da vida pessoal e profissional, sem nem sequer pensar que tudo que é dito nos dias de hoje, fica eternizado nas redes. Nosso eterno BBB, que cilada, não é?

Certa vez fiz uma live, estava super envolvida com isso de vulnerabilidade, abri meu instagram e comecei: Gente, estou me sentindo tão só, me sinto sem amigos, sem pessoas para conversar, abraçar. Sinto falta do passado, dos momentos da infância…enfim, falei tudo e com os olhos marejados de lágrimas, me expressei. No momento, achei aquilo o máximo. Senti um alivio quando falava de mim, afinal, tinha partilhado minha dor, depois deste desabafo, uma prima liga para alguém da família e fala: ¨Tu viu, Aléssia? Ela vive ao lado de gente importante, vive viajando, mas está com a alma triste. Coitada! Que pena¨

Gente, eu entendo que aquilo que falamos sempre gera uma leitura na outra pessoa, no entanto, pera aí, para que abrir mão de momentos e situações só nossas, pelo bem da marca pessoal? Até que ponto isso será relevante para o nosso crescimento?Muitas pessoas passam horas com a arma apontada para nossa cabeça, esperando apenas o momento de atirar, segura a onda pessoal, reflitam sobre o que vai falar nas redes e a relevância disso para o mundo. Pode ser que não esteja contribuindo com nada, ao contrário, está apenas denegrindo sua imagem ou dando armas que vão usar contra você em algum momento oportuno.

A insensatez tem ganhado espaço contínuo e como desculpa usam a vulnerabilidade, a modinha do momento. Nossas fragilidades e incertezas são pontos a serem tratados por nós mesmos e por uma boa terapia. Levo em conta que tem muitas pessoas que não gostam de ouvir sofrimento, choro ou lamentações, até porque as redes sociais são fonte de entretenimento, tanto que os humoristas arrebatam milhares de seguidores diariamente.

De certo que a mente humana tem ganhado obesidade. Somos culpados por isso, tudo que vimos torna-se verdade absoluta, não há mais espaço para a reflexão. E a tal da vulnerabilidade é sem dúvidas, a maior desculpa para os desafortunados de senso crítico.

Como expandir o potencial de sua marca nos dias atuais de forma mais simples? Levando conteúdo que gere transformação. Se a sua vulnerabilidade traz mudança em alguém ou se gera algum ensinamento, exponha comedidamente. Siga essas perguntinhas abaixo para validar a aplicação ou não da sua exposição:

  1. O que vou expor para as pessoas vai ajudá-las?
  2. Quem mais vai ser beneficiado com isso, eu ou o outro?
  3. Como posso comunicar minha vulnerabilidade de forma inteligente?
  4. Essa minha exposição gera transformação?

Refletir e estar mais presente diante de nossas ações pode impedir muitos suicídios de marcas. Somos medidos de forma consciente e inconsciente, mas, sempre a emoção fala mais alto. O julgamento e a visão individual são incontroláveis, estar na arena em todas as esferas e desarmados de nós mesmos, será que é realmente bom? O precipício vem para todos os precipitados aos quais entregam a sua alma nobre, jogando pérolas aos porcos, pensando estar sendo corajoso.

O mundo exige e precisa de marcas pessoais autênticas, que tenham coragem de se expor de forma criativa e estratégica para ajudar na construção de uma sociedade melhor. Isso não trata de um eu melhor, mas, nós.

Profissionais que conseguem isso, certamente são vistos como líderes e conquistam espaços importantes na área em que atuam, tendo maior facilidade de alcançar objetivos pessoais e profissionais. Pode ser um desafio no começo, mas, com prática e ações certas, será possível construir uma marca forte e duradoura, sem ser um diário.

Sonho com um mundo onde as pessoas possam apresentar sua alma de forma congruente e que o outro aceite, respeite e ajude ao próximo com amor. Se todos assumissemos o papel enquanto humanos,  tudo seria bem diferente. A real dissonância que vivemos é abrir nosso ser para uma rede social, sem que nossos familiares sequer saberem como estamos. A proteção para nossa mente começa no silêncio e na indagação, depois deste filtro, podemos liberar para o mundo as nossas vulnerabilidades. Nada é mais sagaz do que pensamento autocritico.

O conteudo é relevante? Compartilhe!

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram

Categorias

Nossa Fanpage

Assine o nosso Newsletter

OBRIGADA!

Sua mensagem foi enviada com sucesso!